Duas mortes em duas semanas na mesma rua em Joinville e o caso de SP

Rua Santa Catarina, Joinville, 10 de março de 2015, 3a feira

O ciclista Rhuan Damaceno Schutel, 16 anos, é atropelado por uma moto. Após ser socorrido por uma ambulância e levado ao Hospital, onde passou por várias cirurgias, não resistiu e morreu, 7 horas depois do atropelamento. A Rua Santa Catarina não possui ciclovia ou ciclofaixa.

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Foto: Jornal A Notícia

 

São Paulo, 18 de março de 2015, 4a feira

A promotora Camila Masour Magalhães da Silveira, do Ministério Público Estadual (SP) dá entrada em uma ação judicial na tentativa de paralisar a construção de todas ciclovias da cidade de São Paulo, inclusive da Av. Paulista, uma das ruas mais conhecidas do Brasil. Na ação, a promotora também pede que a prefeitura refaça a pavimentação original, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O Judiciário acatou em parte a ação da promotora, ordenando a paralização da construção de apenas algumas ciclovias. A Av. Paulista foi liberada. São Paulo é uma das maiores cidades do mundo, e sofre com a congestionamentos, poluição e falta de segurança no trânsito para pedestres e ciclistas. A promotora não vai de bicicleta ou ônibus para o trabalho.

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Obras da ciclovia da Av. Paulista, em 5 de março de 2015. Foto: Tatiana Lowenthal

 

São Paulo, 19 de março de 2015, 5a feira

A promotora Camila M. M. da Silveira se reuniu com jornalistas e ciclistas para explicar o motivo da ação. Segundo ela, falta planejamento e estudo de viabilidade na construção das ciclovias. Entretanto no documento da ação, Camila foi mais juíza do que promotora, pois afirma que “a bicicleta não é um meio de transporte em massa e portanto sua eficiência é questionável porque a capacidade é ínfima”. Porém foi contestada pelos ciclistas, que afirmaram que a promotora não leva em conta as dezenas de mortes de ciclistas que ocorrem todos os anos em São Paulo. Outra crítica é ao objeto da ação, que não tem foco nas irregularidades das ciclovias, e busca além da interrupção da construção das ciclovias, que sejam desfeitas.

 

Rua Santa Catarina, Joinville, 24 de março de 2015, 3a feira

Maricleia Machado Wurz, 29 anos, após deixar seu filho na creche, é atropelada por um caminhão de lixo, às 8h30 da manhã. Maricleia chegou a ser atendida pelos bombeiros, mas morreu no local. A Rua Santa Catarina não possui ciclofaixa.

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Foto: Jornal Notícias do Dia

 

Ciclovias são necessárias?

Ciclovias e ciclofaixas seriam completamente desnecessárias se a velocidade nas cidades fosse limitada aos 30 km/h, como já ocorre em algumas regiões do mundo. São áreas conhecidas como “vias calmas”. Coisa de primeiro mundo. Um conceito urbanístico de vanguarda, ainda mal explorado no Brasil, onde o transporte coletivo sofre com monopólios de empresas predatórias e o planejamento urbano segue as regras ditadas pelo mercado imobiliário especulativo, que expande cada vez mais os perímetros urbanos, aumentando as distâncias e com isso a dependência do automóvel.

É também um problema cultural. Os que possuem automóveis se vêm no direito de trafegar nas altas velocidades que suas máquinas lhe permitem, ignorando a segurança e o risco à que expõem pedestres, cadeirantes ou ciclistas, seduzidos pela falsa ideia de liberdade e status que seus veículos lhes proporcionam.

Assim como São Paulo, Joinville também precisa de mais espaço público para meios de transporte mais seguros, sustentáveis, saudáveis e democráticos.

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Via calma em Vancouver (Canadá)

 

Dezenas de cidades ao redor do mundo, 27 de março de 2015, 19h

Nesta 6a feira, 27 de março de 2015, ciclistas de São Paulo prometem uma bicicletada em protesto pela retomada das obras das ciclovias da cidade. Outras cidades ao redor do mundo estarão juntas, levantando a mesma bandeira de mais ciclovias para São Paulo: Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Recife, Campo Grande, Blumenau, Vitória, São José dos Campos, Juiz de Fora, Maringá, Porto Alegre, Aracaju, Salvador, Aracaju e Niterói no Brasil, e Mendoza (Argentina), Londres (Inglaterra), Palermo (Itália), Guatemala, San Francisco (EUA), Köln e München (Alemanha), Cluj (Romênia) e Murcia (Espanha).

Joinville não ficará de fora. Pelas ciclovias de São Paulo, por mais ciclovias em Joinville e por uma ciclovia na Rua Santa Catarina, venha participar da Bicicletada Joinville de Março. Dia 27 de março, 6a feira, às 19h na Praça da Bandeira.


Saiba mais:

Página da Bicicletada de Março de Joinville no Facebook

Página da Bicicletada de Março de São Paulo no Facebook

Sobre a morte de Rhuan

Sobre a morte de Maricleia

Sobre o caso da promotora

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2 respostas para Duas mortes em duas semanas na mesma rua em Joinville e o caso de SP

  1. rose rose disse:

    Republicou isso em BICICLETARIA CULTURAL.

  2. Pingback: Cidades catarinenses participarão de Bicicletada Internacional em prol de ciclovias | Bicicleta na Rua

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